Translate

terça-feira, 21 de maio de 2013



A chuvarada e o chinelo

Início do mês de dezembro. Chuvarada dez minutos antes do início das aulas da tarde.
Chego na escola e a “D. Guardinha” escolar já me avisa que  três meninos da minha turma de segundo ano  tomaram banho de chuva, atirando-se nas poças que se formaram no pátio, não atendendo seus apelos.
Quando soa ou sinal, chego na sala de aula e verifico os três:  molhados demais para passarem a tarde!
Faço contato com a secretaria  da escola e peço que telefone para os pais das crianças para que sejam informados sobre esse comportamento dos meninos e tragam roupas secas.
Enquanto aguardavam no banco próximo da secretaria, eu encaminhava os demais para a aula semanal de informática educativa com a professora responsável. Depois de tudo acomodado, observo o Márcio, sentado no banco, de pé descalço.
__ Márcio, cadê teu calçado, que não está no pé?!Andando de pé descalço nesse piso molhado; arrisca cair,  ficar doente!
__ Guardei na mochila porque meu chinelo é novo e minha mãe não deixa eu molhar.
__ E se atirar nas poças de água, tomar banho de chuva e deixar teu corpo molhado a tarde inteira ela deixa? Vamos lá pegar o chinelo.
___ É que na verdade ele tá me beliscando meu pé.
____Como assim?
___ O chinelo tem um cantinho que belisca meu pé e dói.
___ Vai ter que usá-lo até a secretária falar com tua mãe e pedir um calçado também.
Duas famílias  não atenderam o telefone e o terceiro diz que não ia levar as roupas: que mandássemos o menino (de sete anos) para casa (sozinho) para trocar de roupa e voltar depois, pois tinha a chave da casa. Claro que não fizemos isso, e a diretora ‘catou’ umas roupas para que eles pudessem trocar e permanecerem  na escola  “a seco.”