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quinta-feira, 3 de janeiro de 2013



                                                 A substituta
Ainda bem no início do ano letivo ocorreu um remanejo de professoras: a colega que atuava comigo na turma de segundo ano do ensino fundamental passou a ser a substituta da escola. E eu fui explicar para a turma:
__ A partir de hoje a professora ..... não vai mais trabalhar só com a nossa turma; ela vai trabalhar com todas, porque será a substituta.
___ Prostituta?! A Mariele, de sete anos, se assusta.
___ Não. Substituta.
___Prostituta?!
___ Professora substituta.
___ E o que é isso? Pergunta, então.
___ É a professora que dá aula quando eu ou outra professora da escola precisar faltar para fazer um curso, ir ao médico, ficar doente.
___Ah...
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Um dia, no mês de junho, a Mariele aproximou-se da minha mesa, durante um recreio que acontecia dentro da sala de aula por causa da chuva.
___ Sabia que quando eu crescer eu vou ser prostituta?
___ Ah, é?- Perguntei, disfarçando minha surpresa – E o que é ser prostituta?
___ É  ir ‘pro bailão’ dançar, ficar com tudo o que é ‘home’.
___ E pra que? Pra ganhar dinheiro?
___Não, só pra ficar, porque é bom.
___ Você deve pensar em estudar, ser médica, vendedora, professora, dentista e pode ir pra baile, namorar, com um namorado de cada vez.
___ É,  minha mãe falou que eu tenho que estudar. Mas eu quero ser prostituta, como a minha tia.
__ Você deve sempre pensar em estudar primeiro – terminei a conversa, porque terminou o recreio...
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Depois disso, o assunto não voltou mais durante o ano letivo.