A chuvarada e o chinelo
Início do mês de dezembro. Chuvarada dez minutos antes do
início das aulas da tarde.
Chego na escola e a “D. Guardinha” escolar já me avisa
que três meninos da minha turma de segundo
ano tomaram banho de chuva, atirando-se
nas poças que se formaram no pátio, não atendendo seus apelos.
Quando soa ou sinal, chego na sala de aula e verifico os
três: molhados demais para passarem a
tarde!
Faço contato com a secretaria da escola e peço que telefone para os pais das
crianças para que sejam informados sobre esse comportamento dos meninos e
tragam roupas secas.
Enquanto aguardavam no banco próximo da secretaria, eu
encaminhava os demais para a aula semanal de informática educativa com a
professora responsável. Depois de tudo acomodado, observo o Márcio, sentado no
banco, de pé descalço.
__ Márcio, cadê teu calçado, que não está no pé?!Andando de
pé descalço nesse piso molhado; arrisca cair, ficar doente!
__ Guardei na mochila porque meu chinelo é novo e minha mãe
não deixa eu molhar.
__ E se atirar nas poças de água, tomar banho de chuva e
deixar teu corpo molhado a tarde inteira ela deixa? Vamos lá pegar o chinelo.
___ É que na verdade ele tá me beliscando meu pé.
____Como assim?
___ O chinelo tem um cantinho que belisca meu pé e dói.
___ Vai ter que usá-lo até a secretária falar com tua mãe e
pedir um calçado também.
Duas famílias não
atenderam o telefone e o terceiro diz que não ia levar as roupas: que
mandássemos o menino (de sete anos) para casa (sozinho) para trocar de roupa e
voltar depois, pois tinha a chave da casa. Claro que não fizemos isso, e a
diretora ‘catou’ umas roupas para que eles pudessem trocar e permanecerem na escola
“a seco.”
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